segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Soneto da confissão






Assim Jesus chorou sobre a cidade.
Não por pieguice: por viril afeto, 
ao encontrar, em vez de caridade, 
a tentação debaixo do seu teto. 

Era apenas um homem que chorava 
- um homem que chorava em frente aos mais
- por ver que seu amor mal se escutava 
como a conversa à-toa dos pardais.

Esse pecado estéril, desatento,
a recusa de Deus como um jornal
lido às pressas e atirado ao vento, 

disfarça as formas sob a chama fria 
e põe, no mais amargo da minha alma,
o cansaço da humana companhia.












Alexandre L 

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